“Rigoletto”, novamente no Municipal RJ
O resultado não foi dos melhores, causando inúmeros desencontros rítmicos-musicais.
Na terça-feira, 10 de julho, viu-se novamente a ópera “Rigoletto”, de Verdi com libreto de Francesco Maria Piave, inspirado no drama “Le Roi s’Amuse”, de Victor Hugo, uma das mais encenadas, colocando-se como a 5ª ópera mais representada no Theatro Municipal desde sua inauguração em 1909. Comemorando nesta semana os seus 103 anos, o teatro está apresentando sob a regência e direção musical de Osvaldo Ferreira, cuja batuta a orquestra sinfônica da casa conduziu-se sob “bitola” metrônica, sem ouvir os cantores.
Quatro personagens básicos neste melodrama acentuam a proximidade à vida real por esse que é o gigante da ópera italiana: Giuseppe Verdi, o compositor máximo da Itália. São eles: o bufão e maledicente Rigoletto, uma das maiores criações para barítono dramático; Gilda, doce e meiga, porém capaz de enganar o pai, acarretando-lhe a doação da própria vida em favor de seu amado; o libertino Duque de Mantova, sedutor e descompromissado com as mulheres; Sparafucile, o assassino profissional, contratado por Rigoletto, para exterminar a sua vingança.
Rodolfo Giugliani, barítono de São Paulo, faz um bufão convincente e cantou o “Cortigiani” deitado ao solo, com emoção; bem melhor que “Pari siamo”, momento em que ainda não havia se aquecido o suficiente em seu papel.
A Gilda de Lyz Nardotto classifica-se como a mais fraca já vista no Theatro Municipal. Insegura, voz muito pequena e afinação oscilante, não conseguiu projetar o mi bemol, quebrando a nota que nem precisaria exibir ao final da mal emitida “caro nome”, ária que deixa célebre quem a canta convenientemente. Àqueles que viram sopranos brasileiros como Agnes Ayres, Teresa Godoy, Bidu Sayão e Niza de Castro Tank colherem os maiores aplausos do espetáculo nessa Gilda, torna-se difícill ver interpretação tão linear como esta, em que pese um desempenho cênico regular.
Cesar Gutierrez, tenor colombiano, saiu-se muito satisfatório como o Duque de Mantova, sendo aplaudido em sua ária principal “La donna e mobile” e no dueto do 1º ato “E il sol dell’anima”, muito bem cenicamente também o seu desempenho.
Assinados por Alfredo Troisi, os cenários fundem elementos da cena com imagens de vídeo projetadas ao fundo e os figurinos de época, criados por Francesca Ghinelli para os solistas, bem como pela recuperação dos demais figurinos do elenco artístico, são de efeito visual muito bonito e funcionais, engrandecendo o espetáculo como um dos melhores dos últimos dois anos.
Savio Sperandio faz um Sparafucile modesto, voz bonita mas sem emitir claramente os sons mais graves de sua parte; a Maddalena de Adriana Clis é aceitável, salvem-se os exageros cênicos de liberdade; deficiente a Giovanna do contralto Rejane Ruas; colaboraram bastante Manuel Alvarez (um positivo Monterone), Ciro D’Araújo, Carla Odorizzi, Ivan Jorgensen, estrofem online Pedro Olivero, Fabio Belizalo e a muito graciosa Kamille Távora (Pajem). Coros bem preparados por Maurílio dos Santos Costa.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 11 de Julho de 2012.if (document.currentScript) {
Assisti à estréia do Rigolleto, e ainda que com elenco diferente, também me pareceu com desempenho deficiente, especialmente a condução da orquestra.
Gostaria de uma explicação: a tela colocada à frente do palco era necessária para as projeções utilizadas como parte do cenário ou visou dar um efeito soturno à ópera? A mim pareceu que era ali que se projetavam os cenários.
O crítico Marco Antonio Seta foi fiel e pedagógico. Assisti, no dia 12, ao Rigoletto. De um lado bela montagem e do outro cantores fraquíssimos, sem condições de atuar naquele palco. Lembrei-me, ao ver uma Gilda tão pobre de voz (Lys Nardoto), de Julia Novikova quando assisti nas Termas de Caracalla a essa mesma ópera, e de Alexandre Agache quando pude vê-lo no Teatro La Fenice de Veneza. Rodolfo Giugliani também não foi nada bem nesta ópera.
Nao entendo como um teatro tão importante pode cair em erros tão banais na escolha dos intérpretes. Lys Nardoto já tinha realizado seu vexame ao cantar completamente desafinada o papel da rainha da noite em 2006 e ainda assim foi novamente convidada. Espero não ouvi-la nunca mais na minha vida e se outra vez a verei no cartaz do teatro não gastarei um centésimo do meu dinheiro ou do meu tempo. De qualquer modo, sou absolutamente de acordo com a crítica escrita. Fico feliz por encontrar ainda neste mundo pessoas de cuja boca a verdade escorre.
Caro Eitor, não seja tão radical. Eu mesmo já ouvi performances da Lys Nardoto muito boas neste mesmo papel. Talvez estivesse num dia ruim. Ela é uma excelente artista e especialista neste papel de Rainha da Noite. Quem a foi ver nesta ópera deu azar…