Os quatro atos do Rigoletto no Municipal de São Paulo.
A primeira ópera produzida pelo Theatro Municipal de São Paulo após uma longa reforma é o Rigoletto de Giuseppe Verdi.
A popular ópera esgotou os ingressos há tempos. Um título desses é escolha certa para a comemoração do centenário do mais paulistanos dos teatros. No último dia 12, autoridades de todos os níveis foram ao teatro, muitos fizeram discursos, tivemos aplausos por todos os lados. Finda a cerimônia de apresentação, muitos foram embora, sequer ficaram para assistir ao primeiro ato. Coitado do Rigoletto.
A apresentação do dia 15/09 foi marcada por solistas medianos. O Rigoletto interpretado por Bruno Caproni dá conta do recado, mas não empolga. Travado pela direção cênica mostrou uma voz volumosa, médios e graves escuros e um timbre normal. O soprano Alexandra Lubchansky vem da distante São Petesburgo, sua Gilda é morna. Cantou o básico, não assumiu nenhum risco, fez um arroz com feijão sem bife e fritas. Seu timbre é belo, seus agudos são claros e muitas vezes luminosos. Um soprano convencional.O duque de Mantua do tenor Leonardo Capalbo tem timbre opaco, seus agudos não têm a claridade e o brilho que se esperam de um tenor.
No dueto final do segundo ato houve um desencontro entre solistas e orquestra, o tenor olha para o soprano, indecisão no ar e ambos se esquecem dos agudos finais. A mais famosa ária dessa ópera, La Donna è Mobile provoca comoção e aplausos efusivos no teatro. Finda essa ária, não ouvi sequer uma mísera palmada, nada. Fiquei estupefato, caiu-me a cara no chão, fato inédito na história da ópera mundial. Há coisas que só acontecem em São Paulo.
Os comprimários se deram bem, destaque para Stephen Bronk, um Conde de Monterrone com graves grandes e cheios. Luíza Francesconi uma bela e possante voz na Maddalena e Luiz Molz um bom Sparafucile. A orquestra esteve no ponto certo, Abel Rocha acertou nos tempos, nos andamentos e no volume. O coro cumpriu suas passagens com sonoridade encorpada, grande apresentação.
A direção de Felipe Hirsch faz uma leitura fria do north pharmacy canada lasix Rigoletto, aperta o coro em um círculo, movimenta pouco os cantores e deixa de lado toda a dramaticidade da peça. Enfoca no visual em detrimento do emocional. Seu Rigoletto é estático, tudo é simbólico e muitas vezes confuso. Os cenários de Daniela Thomas e Felipe Tassara seguem as ideias da direção.
Primeiro ato, um salão que se transforma em uma ogiva, ou um foguete ou uma usina atômica, se vê todas as coxias do palco. O Rigolleto mora em andaimes, deve ser confortável pacas. No segundo ato, mais andaimes. No terceiro ato, um belo espelho d’água simboliza o pântano, esse permanece como a casa do Sparafucile. Quem não conhece o libreto se confunde, personagens que deveriam estar ocultos (Gilda e Rigoletto) estão lado a lado com Sparafucile e Maddalena. A movimentação dos cantores no espelho d’água faz um barulhinho irritante, que incomoda e atrapalha a beleza da música verdiana. O melhor ficaria para o quarto ato, infelizmente o público não esperou e todos foram embora para casa ou jantar com os amigos.
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Boa crítica, caro Ali, assisti ao ensaio aberto de Rigoletto no sábado -10.09, com elenco brasileiro em sensível sintonia. Linda Mendes – Gilda – rockenrol, tropi.gal total. Apesar da direção caída carregada de drama sem comédia, os andaimes me parecem honestos não para o conforto do quarto da casa, mas im como cenário verdade (escultura, concha acústica).
Também o espelho d’água – passadas molhadas não me irritam – são os instrumentos rebeldes concretinos
sem lugar na orquestra, que, aliás, não teve as cadeiras substituídas após a reforma. Continuam pobres no pior sentido do desejo.
Por isso o momento mais intenso para mim ainda é antes da apresentacao começar, quando ecoa o aquecimento dos músicos somado ao vozerio caracteristico da expectativa não do podre político do (lugar) público.
beijos querido,
am
Bom, assisti à récita de sábado (17) e, fora a apresentação de nível do Rigoletto de Bruno Caproni, do coro e da orquestra, os restantes decepcionaram. Fiquei particularmente irritado com o conservardorismo do soprano Alexandra Lubchansky que não mostrou nada além do normal: quando poderia impressionar, escondeu-se. Nem ouvi com clareza uma nota aguda no final de uma ária simplesmtente porque na verdade não foi dada: ela fez um movimento de corpo (talvez até pra disfarçar) e a tal nota mal saiu. E ela não interagiu com seus colegas, cantando pra si mesma… O tenor, se não excepcional, pelo menos se expôs mais e interpretou… O baixo Luiz Molz foi muito bem. O Teatro é que estava lindo! Vamos ver se trazem melhores cantores da próxima vez – parece que economizaram na cenografia (muito pobre) para pagar os salarios dos internacionais (?).
Assisti à mesma ópera aqui em Hamburg e também achei estranho não aplaudirem a famosa ária do tenor. O soprano, Nino Machaidze, estava sublime. E o Rigoletto (Franco Vassalo) achei meio tenoril, mas excelente ator!!!
Assisti à ópera no dia 17. Concordo em parte com o comentário de Ali, contudo o soprano, no quarteto, embora não tenha dado aquele agudo final de Joan Sutherland, mesmo assim, na minha opinião, foi perfeita. Já o tenor, o Leonardo Capalbo, deu uma boa desafinada em La Donna è Mobile. Quanto à meiosoprano, a brasileira Luísa Francescone, sem dúvida, canta bem, mas o seu timbre não tem a veludez e uma variação de altura de uma Elina Caranca.
Prezado Aldo de Carvalho, alí ninguém economizou dinheiro algum, mesmo porque os cachês são altíssimos aos internacionais; o dinheiro alí não é o problema. A opção pelos cenários e figurinos é dos diretores e responsáveis pelos mesmos (ver no programa da ópera). Mas importar aqueles cantores de 3ª categoria é que é o grande problema, pensando que nós, brasileiros, paulistas, não conhecemos o que foi bom nesse ramo. Quem viu Agnes Ayres e Paulo Fortes, Lourival Braga, Tereza Godoy e Fernando Teixeira; Niza de Castro Tank e Assis Pacheco; entre outros aqui em São Paulo, nesse mesmo teatro centenário, não pode engolir esses pseudo-cantores internacionais…
Se quiser, leia a minha crítica deste “Rigoletto”, datado de 17/9 p.p.
Um grande abraço a você, e “Viva” aos artistas brasileiros como Lina Mendes e Rodolfo Giugliani neste Rigoletto.